Stakeholders como fim e não como meio

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Há alguns dias publiquei meu primeiro artigo sobre Capitalismo Consciente. Ele foi produzido a partir da leitura do livro ‘Capitalismo Consciente – Como Libertar o Espírito Heroico dos Negócios’. Os autores são John Mackey e Raj Sisodia. Mackey é CEO da WholeFoods Market, líder mundial na venda de alimentos naturais, orgânicos e sem conservantes. Raj Sisodia é professor e pesquisador da Universidade Babson, tradicional escola de negócios dos Estados Unidos. Esse é, realmente, um livro inspirador, que me proporcionou muitos insights. Neste segundo artigo, vou me concentrar em um dos pilares principais deste movimento: Integração de Stakeholders.

Quem são os stakeholders de sua organização?

“Stakeholder significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles.” – Fonte: https://www.significados.com.br

Em minha prática na gestão de projetos, nunca considerei a própria equipe como um dos stakeholders. Minha preocupação sempre foi com os envolvidos além do projeto. Em Capitalismo Consciente este conceito é ampliado e stakeholders são realmente todos, todos os envolvidos com o ecossistema de maneira direta: clientes, equipe, investidores, fornecedores, comunidade e meio ambiente.

Clientes

“Em uma empresa típica, se você tem uma reunião, não importa de qual importância, sempre haverá uma parte não representada: o cliente. Por isso, é muito fácil que nos esqueçamos dele” – Jeff Bezos, presidente e CEO da Amazon.com. 

Segundo os princípios do movimento Capitalismo Consciente, devemos enxergar os clientes como pessoas a quem servir, e não como consumidores a quem vender. Esta compreensão nos remete a uma relação que envolve não só a perspectiva comercial, mas também a social. Neste cenário, portanto, a relação de confiança é um aspecto fundamental.

“Confiança cria relações, mas o inverso também é verdadeiro.” – Lex Bos, um dos fundadores do Triodos Bank, o maior banco sustentável do mundo, e do Nederlands Pedagogisch Instituut – NPI, a primeira consultoria ecológica social, fundados na Holanda.

Lex Bos, em seu livro ‘Confiança, Doação e Gratidão’, orienta a confiança em três níveis: coisasideiaspessoas. Como ‘coisas’ podemos considerar a organização e a entrega de seus produtos e serviços. ‘Ideias’ é o nível relacionado ao seu propósito e valores. Por último, ‘pessoas’ são suas intenções, capacidades e compromissos que se traduzem em acordos. A relação de confiança é muito mais do que o cumprimento de um acordo e o custo da falta de confiança gera um grande impacto para o negócio, muitas vezes subestimado pelas organizações, em função de seu aspecto subjetivo.

Equipe

Se o cliente é o ponto central, a relação entre clientes e equipe é crucial para o sucesso do negócio. Portanto, uma equipe produtiva e motivada é o caminho! Jurgen Appelo, em ‘Managament 3.0’, propõe a análise de motivadores e o alinhamento entre o que motiva o colaborador e o papel que ele desempenha na organização como fator crítico para um ambiente feliz e produtivo. Além disso, cuidar do bem-estar da equipe, sua qualidade de vida, benefícios e política de recompensas fazem parte do papel da liderança.

Investidores

Avaliar a estratégia em longo prazo e atuar a partir de valores como respeito e transparência é a estratégia de Warren Buffet, conhecido como um dos mais bem-sucedidos investidores americanos. O investidor tem um papel fundamental no capitalismo e sua atuação de maneira consciente pode mudar completamente o cenário em que vivemos no âmbito social. Quando analisamos o investimento somente a partir da perspectiva especulativa, são tomadas decisões de curto prazo que podem levar o negócio ou a organização a péssimos resultados no médio e longo prazo. Assim, conciliar o resultado financeiro à geração de valor para sociedade através da realização de seu propósito é o caminho.

“As barreiras que impedem as grandes corporações de mudar não são as legais, e sim os modelos mentais obsoletos com que sempre operaram no passado.” – John Mackey, CEO da Whole Foods

Fornecedores

Toda organização tem uma relação de dependência com seus fornecedores. Por esta razão, é importante tratá-los como parceirosnão como adversários. Algumas práticas sugeridas são: 

  • Buscar oportunidades de criação de valor: avaliar maneiras criativas para desenvolver relações ganha-ganha.
  • Pontualidade no pagamento: atrasos nos pagamentos aos fornecedores geram um impacto em cadeia.
  • Tratamento justo: imparcialidade.
  • Ajuda para sobreviver e prosperar: ajudar seus parceiros em momentos difíceis e ajudá-los a crescer.
  • Compartilhar riqueza: gerar benefícios para os fornecedores, a partir de ganhos com inovação.
  • Crescer juntos na dificuldade: preservar a relação ganha-ganha em momentos de crise é um desafio.

Comunidade

Enxergar a organização como cidadã e parte de um contexto maior ajuda a tomar consciência do papel social da organização e do seu impacto no desenvolvimento da comunidade. Apoiar organizações sem fins lucrativos, fomentar o trabalho voluntário pela equipe e apoiar causas alinhadas com o propósito da organização são formas de atuar de maneira consciente.

Meio Ambiente

O meio ambiente é um stakeholder silencioso. Afinal, quem fala por ele? Em nossa realidade, temos visto muitas organizações que vem desprezando este stakeholder. Tomam decisões que impactam de maneira negativa o meio ambiente, gerando graves problemas ambientais. As empresas precisam assumir seu papel. Isto é urgente! Portanto, precisamos nos lembrar de que fazemos parte do meio ambiente.

E então, como você tem se relacionado com seus stakeholders?

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